sábado, 24 de fevereiro de 2007

Quarto tiro - 23/08/2006




Esperando Vera Fischer

Pela primeira vez na minha vida, eu não sei em quem votar! Não sei! Suplico que alguém me mostre o contrário, que me diga que estou enganado e que existem sim homens públicos comprometidos com a sociedade que os elege.
Desculpem-me, mas não dá pra ser romântico; sonhar com mocinho, um herói, neste mundo de bestas, nesta bomba relógio que é este triste planeta. E o aeroporto não é rota de fuga pra lugar nenhum. Que pena! O mundo acabou antes da grande virada na corrida espacial. Ninguém vai escapar desta vez!
O que estamos vivendo hoje é pior que a Inquisição, pior que a Ditadura, pior que a Escravidão, pior que o Holocausto, pior que um filme do Van Damme. O que estamos vivendo hoje é o “espetáculo do crescimento” de uma espécie moralmente devastada, que cresce e evolui, mas sem respeitar nada.
De que adianta tanta evolução científica se, para o pior dos vírus, o da falta de ética, de escrúpulos, de vergonha, não há sequer pesquisa em andamento? Quem poderia financiá-la?
Será que no âmbito municipal poderíamos descolar uma graninha para tal pesquisa? Hmm, acho que não. É tanta obra por fazer, tanto tapete preto pra estender, tanto cartel no transporte público para manter... É maratona atrás de maratona para vender uma imagem saudável desta ilha que se afunda em desorganização, em crescimento caótico, em exploração desmedida. Ilha da cultura parasitária, do funcionário público, “tradicional”... É, daqui não vai sair verba para acabar com o vírus da sem-vergonhice mesmo. Mas nem tem eleição municipal este ano, que bom! Uma preocupação a menos, ou seria a mais?
Procuremos então apoio nas esferas federais do poder. Piorou! Sinceramente, quem deve estar rindo agora é a Regina Duarte, aquela, que tinha medo. E olha que ela ainda tem a novela das oito para protagonizar. E nós, que nem isso temos? Rejeitamos o Lula e doamos ele para adoção também? Ai, se fosse possível! Pouca vergonha! Mexer assim com a esperança de uma nação. Certo ta é o Gabeira, que disse que: ou o Lula é um corrupto (porque sabia de tudo que rola a sua volta), ou é um completo idiota (se não sabia). O que é pior? Não sei. Mas, pra ter resistido “na luta” tanto tempo e quando finalmente o povo, exausto, o coloca no poder, para uma última tentativa de salvação deste país saqueado desde que nasceu: o cara chega lá e faz esta merda toda... Era melhor ter continuado analfabeto, ou perdido a língua, ao invés do dedo. Então votamos em quem? Nele? De novo? Não, “errar é humano, persistir no erro é burrice”. No Alckmin? A citação anterior também vale para ele e seus partidários. Aliás, nem os seus partidários colocam fé na sua candidatura, por que é que eu vou colocar? Na Heloísa Helena? Eu hein! Não confio mais nessa gente com cara de messias que vem pra moralizar tudo e salvar a pátria. E o que é que a louca e o PSOL vão fazer com o congresso? Dar mesada pra todos pra poder governar também? A coisa ta Russa! Ou melhor, a coisa ta Brasil! Um braseiro! Uma brasa, mora? Moro, mas, se pudesse, me mudava!
Outra que atualmente não tem novela das oito para protagonizar é a Vera Fischer. E aí resolveu baixar por aqui e fazer uma graninha junto aos coronéis do governo estadual, com os quais não vou perder meu tempo pedindo verba para pesquisa contra o vírus da safadeza. Coronéis e ditadores! Que outros nomes podem ter estes senhores, que criam conselhos arbitrários, modificam o curso de leis de incentivo à cultura descaradamente, sem o menor respeito a nada que não seja seu benefício próprio e dos seus. Ou vão-me dizer que é normal a filha do governador, travestida de produtora, dar “carteiraço” por aí, pra financiar produções cariocas? Isso sem considerar que ela é um desafino ininterrupto!
A simples criação desta secretaria utópica que reúne cultura, turismo e lazer já é um ato arbitrário evidente, que facilita o caminho para o “balcão de negócios” que é este governo. Num estado de tremendo potencial turístico, explorado de forma insana, é óbvio que os profissionais da cultura sairão lesados desta equação entre setores tão distintos do governo.
Mas isso não é nada! No caso da Lei de Incentivo Estadual, criaram um “comitê gestor”, que se interpõe entre a avaliação do Conselho Estadual de Cultura e os projetos que ela, de forma legítima, aprova. Esta turminha do barulho, liderada pelo Sr. Edson Machado, que também é diretor geral da Fundação Catarinense de Cultura (um trabalhador abnegado!), está fazendo a maior festa por lá: estacionam projetos já aprovados, retém dinheiro já captado, priorizam o que lhes interessa politicamente, enfim... Nenhuma novidade, velhas raposas, velhas práticas.
Mas se você assistir a propaganda política do governo, meu Deus! Que governo legal é este, com sua perspicaz política descentralizadora! Qualquer um que disponha dez minutos do seu tempo pode verificar o quão inoperante são estas células descentralizadas da administração estadual, que só servem mesmo para cabide de emprego, na verdade um luxuoso “closet” de empregos!
Hoje, a imprensa está noticiando que o nome do nosso excelentíssimo governador foi, finalmente citado no caso da SC Genéricos. Será que daí vai sair um pouquinho de justiça? Será que consigo algum apoio destes laboratórios, negociados pelo governo de forma suspeita, para minha cruzada contra o vírus da cara-de-pau?
Mas, para o Sr. Machado, somos mesmo é um bando de invejosos: “a Vera tem um imóvel aqui”... E daí? ...“representa nosso potencial artístico”... (???) Só se for o dele! Que feio, Sr. diretor da FCC, como o senhor é mal informado! Nosso real potencial artístico está aqui! Sendo arduamente produzido nesta terra de faroeste! Cinema, Teatro, Música, Artes Plásticas, Literatura, da mais alta qualidade, voltadas para o futuro, ousadas e não rançosas e arqueológicas como aquilo que o senhor pensa ser nosso potencial artístico. Afinal, o senhor lê os projetos que recebe ou não?
É por isso, Sr. Luís Henrique e Sr. Edson Machado, que não temos inveja da Vera Fischer, tenho inveja é dos marcianos, dos plutonianos, que, com certeza vivem melhor do que nós, mesmo sob condições climáticas pavorosas.
Quanto à ex-miss, “grande dama do teatro catarinense”, estaremos na primeira fila para assisti-la. Já comecei a guardar dinheiro para poder pagar o ingresso.
Mas cuidado Vera Fischer! Porque a porcelana é fina, o telhado é de vidro e o tempo, este ingrato companheiro, já nos tira o esplendor da juventude! E a paciência também!
Paulo Vasilescu
Fpolis, 23 de agosto de 2006

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